quinta-feira, 6 de setembro de 2007

UNIVERSIDADE J

É um grande evento de formação política intensiva organizado pela JSD Madeira. Com a Uni J pretende-se contribuir para a valorização pessoal de todos os participantes, transmitindo conceitos e informações de utilidade relevante. É objectivo prioritário deste projecto político, dotar os jovens de instrumentos fundamentais para compreenderem a sociedade em que se inserem e o mundo em que vivem e formação aprofundada em matérias conexas com o exercício da actividade política.
Estatutos:


Regulamento:

2 comentários:

Anónimo disse...

Minha gente Jota, esta é sem dúvida uma oportunidade a não perder.
Não querendo fazer concorrência à coral em termos publicitários mas:

Eu fiz parte :)

A 1º Universidade Jota foi um sucesso, apesar das más linguas que por aí andam ;)

Participem!!

Anónimo disse...

As jotas e a formatação mental

Quando Pacheco Pereira advogou a extinção das juventudes partidárias, como medida extraída de uma idealizada panóplia detersiva para a “democracia”, fui lesto a subscrever o alvitre. As juventudes partidárias, se se alicerçam na apologia da intervenção cívica, transformam-se, dependendo das conjunturas, em fábricas de formatação ideológica – embora até nessa vertente evidenciem debilidades –, acoitos de submissos caninos cuja salivação, quando consentânea com os ditames, os eleva à condição de sinecuristas. A admissão de militantes que ainda periclitam sobre duas pernas, desapossados de uma mundividência que sustente a ideologia, representa a avidez de barro lânguido que enforma a génese das “jotas”. Numa fase em que a se agudizam os dilemas decorrentes de uma identidade difusa e desenraizada, o trilho da militância acarreta leviandade mútua: dos jovens debutantes – amiúde instigados pelos pais, consciente do caminho pedregoso que calcorreiam os “livres” -, e das estruturas juvenis que os acolhem. Pelo contrário, se a relação de índole parasitária, entre os toldados neófitos e as “jotas”, beneficia ambos, a alienação progressiva do pensamento, amarfanhado pela subliminar obliquidade induzida pelos enxertos de ideologia, corrompe a cidadania.

Na Madeira, a estrutura juvenil correligionária do PSD preserva um poder de sedução tributário de uma conjuntura política mumificada. Reina, encapotada ou não, a crença na possibilidade de contornar os consabidos óbices contemporâneos, através da prossecução de uma carreira partidária, cujos alvores se entrelaçavam com a incipiência ideológica. As facilidades que contemplam os “militantes” do partido dominador, na Madeira, são irrefragáveis, característica que não deverá confinar-se à Região. Aqui, porém, o nepotismo matizado roça a hipérbole, numa vil e pútrida particularidade cuja perpetuação decorre da anuência tácita da sociedade. Amorfa, resignada e fragmentada pelo egotismo, a preocupação com a “vidinha” monopoliza, catalisando a venalidade, eufemismo que, por pudor, quase apeava a justa acerbidade: a prostituição mental é pululante.

Como cidadão apartidário, e necessariamente político, a apologia da regeneração da cidadania, mediante a evasão da política à manápula partidária, encontrou um apropriado veículo de repercussão na campanha de Manuel Alegre. Situacionistas e sectários continuam, ainda hoje, a extravasar uma fúria virulenta, provocada por todos os trânsfugas do “hábito” que retiraram o “quadrado” do redil romântico. A benéfica inexorabilidade dos partidos não pressupõe a sua hegemonia sócio/política, pelo que considero aviltantes as recorrentes acusações de demagogia endereçadas a Alegre e seus companheiros contingenciais. Reconheço que a argumentação de Alegre se transformou num pólo cristalizador de quem estigmatiza os partidos e os “políticos”. Rechaço e execro, todavia, as diatribes que também me abalroam. Não fui nem serei arauto de terceiros, estando consciente das motivações subjacentes a um apoio precoce que estimulou um embrião em luta pela vida. Mantendo-se a lógica dos detractores, emerge um oxímoro. Apesar de subscreverem, presumo, o diagnóstico de monopólio partidário da “res publica”, exorcizam a “demagogia” de quem assume o propósito de combater aquela maleita. Dilemático.

O postulado da política como incontornável bifurcação cívica, sem a presença inexorável do “partidarismo”, adquire especial premência na Madeira, onde o galanteio do poder tolhe a autonomia. Como símbolo da obnubilação pregnante, detectamos a coexistência entre uma Autonomia política formal, a qual privilegia a Região na sua relação com o Estado, e uma débil autonomia mental entre os cidadãos. O partido de Jardim ascende a sorvedouro de permeáveis aos galanteios, resvalando o potencial cívico de muitos para a abulia induzida, na placidez que o fausto dos caninos oferece.

Nos últimos dias, cumpriu-se uma nova fase no processo industrial de formatação ideológica. A JSD promoveu um evento, aplicando-lhe o inconcebível título de “Universidade Jota”. Os “jovens quadros”, como eram apresentados os militantes aderentes à iniciativa, assistiram a várias prelecções, algumas delas protagonizadas por eminências político/partidárias nacionais. Marques Mendes encerrou o evento, sucedendo, como orador, a personalidades como Paulo Portas e Dias Loureiro. Todos os convidados provieram do “centro-direita” – Portas é, hoje, um vizinho muito próximo -, opção compreensível devido ao progenitor da iniciativa, necessária e propositadamente sectária. Sectário, note-se. Limito-me, portanto, a emitir uma questão, de cuja resposta, sendo um truísmo, abdico: uma Universidade harmoniza-se com o sectarismo? Não resisto a apostatar. Não, não se harmoniza. O sectarismo está nos antípodas dos desígnios de uma Universidade, cultora do saber holístico e instigadora da reflexão imune a quaisquer mordaças, nítidas ou subliminares. Naquela “universidade” pífia, a comunicação é unidireccional, e as possíveis questões endereçadas aos pastores representam, somente, dúvidas que o rebanho deseja exterminar, para prolongar os seus alegres balidos sobre os plainos verdejantes.

O texto deveria ter terminado no parágrafo precedente, mas discordo, agora, de mim mesmo quando preconizei a extinção das “jotas”. Sou adepto da sua sobrevivência legal, porquanto agradar-me-ia assistir ao seu estertor real sem a intromissão dos decretos. Já bastam os cidadãos por decreto. Se os jovens encontrarem, no território da cidadania, espaços de intervenção edificantes destituídos de vínculos partidários, escapando à sedução do poder, as “jotas” definharão. De qualquer cor.

Texto de V. Sousa